A depressão é uma doença séria que atinge cada vez mais pessoas no mundo inteiro, chegando a ser considerada um problema de saúde pública. Estima-se que, ao longo da vida, ela atinja cerca de 12% dos homens e 20% das mulheres, podendo ficar ainda mais suscetível em pessoas que estejam passando por momentos de vulnerabilidade emocional, como uma gestação. Dessa forma, pelo menos uma a cada dez mulheres sofre de depressão na gravidez.
A gestação é motivo de muitas transformações no corpo e na vida da mulher. É uma fase em que as questões psicológicas podem surgir com mais intensidade. Sendo assim, a mulher fica mais suscetível, vulnerável emocionalmente, muitas vezes, se torna árdua a tarefa de entender as mudanças do próprio corpo e expectativas da chegada do bebê.
As mudanças hormonais também influenciam a saúde emocional, além da relação com a família e com o pai do bebê, que nem sempre é amigável. No entanto, por ser um problema multifatorial, às vezes pode surgir sem motivo aparente; por isso é fundamental ter atenção aos possíveis sinais e procurar ajuda profissional o quanto antes.
Sintomas de depressão
A depressão geralmente é uma consequência da união de fatores sociais, psicológicos e biológicos. Aspectos como histórico familiar, alterações na quantidade de neurotransmissores (substâncias presentes no cérebro) e experiências de vida traumáticas ou negativas são alguns exemplos.
Independente de ser ou não uma depressão na gravidez, os sintomas predominantes são os mesmos:
Desânimo profundo: a pessoa depressiva está sob constante sensação de tristeza, mesmo reconhecendo que não sabe o motivo. É comum perder o gosto por coisas que sempre gostou de fazer , como se a vida perdesse suas cores. No caso das mulheres a autoestima e vaidade são logo afetadas, fazendo com que percam o prazer de se arrumar e cuidar da própria beleza. Quando se refere a gestantes, é possível que haja desinteresse pela gravidez, falta de vontade de ir às consultas de pré-natal ou preparar as coisinhas do bebê.
Prostração: os níveis de energia e força corporal estão sempre baixos, os pensamentos e até movimentos ficam mais lentos. O cansaço físico é dominante e as queixas de falta de memória são constantes.
Descontrole do sono: há tanto episódios de insônia quanto de sonolência ao longo do dia.
Distúrbios no apetite: o mais comum é a falta de apetite. Durante a gravidez a mulher pode se recusar a ingerir alimentos que são importantes nesta fase ou mesmo recusar-se a tomar os medicamentos prescritos pelo médico para suplementação de vitaminas. Também pode ocorrer, em alguns casos, um aumento exagerado do apetite, com interesse maior por algo específico como doces.
Baixa na libido: a falta de interesse sexual é um sintoma típico da depressão, mas, mesmo durante uma gravidez saudável pode ocorrer redução na libido devido às alterações hormonais naturais desse período. Nestes casos é importante que o parceiro seja compreensivo e que ambos conversem com o obstetra na tentativa de identificar a origem da falta de desejo, evitando uma crise no relacionamento.
Dores físicas: podem surgir dores no corpo para as quais os médicos não encontram explicações clínicas, manchas na pele, suor excessivo, taquicardia, entre outros.
Fatores de risco associados à gravidez
Hábitos saudáveis como praticar exercícios e ter uma alimentação saudável são importantes para cuidar da saúde mental de forma geral.
O estresse crônico e um dia a dia tumultuado, bem como conflitos nas diversas relações interpessoais ou mesmo condições sociais extremas podem contribuir para um quadro de depressão.
Durante a gravidez algumas outras condições podem influenciar, tais como:
- Desequilíbrio hormonal;
- Gestação não planejada;
- Ser abandonada pelo parceiro;
- Receber um diagnóstico de doença no bebê;
- Perda de um ente querido;
- Ser julgada ou criticada por estar grávida;
- Não receber ajuda da família.
O acompanhamento deve ser um trabalho conjunto entre obstetra, psicólogo e, em casos mais extremos, até um psiquiatra.
É importante lembrar que o estado emocional da mãe também influencia na formação e na saúde psicológica do filho. É muito comum que crianças geradas sob condições turbulentas, quando maiores, precisem ser encaminhadas à psicologia infantil.
Por isso te convido também a saber mais sobre os cuidados psicológicos na gravidez clicando na imagem abaixo: